quarta-feira, 17 de setembro de 2014

"E aí? Valeu a pena?"

Essa é a pergunto que eu mais tenho escutado desde que cheguei em casa no dia 22 de agosto. A resposta, que talvez seja óbvia para alguns mas não tão obvia para outros, com certeza não deixaria de ser claro que valeu!!!

Já que é assim, nada mais justo do que falar um pouco sobre isso, principalmente porque muita gente que também estuda medicina no Brasil sempre veio falar comigo sobre participar ou não do CsF e, obviamente, essas conversas se tornaram bem mais frequentes agora que eu já concluí o intercâmbio. Obviamente, tudo que eu falo aqui é a minha opinião sobre a minha experiência e talvez sirva de alguma coisa para a galera da medicina que sempre vem conversar comigo sobre isso cheio de dúvidas na cabeça. Aliás, tem um post sobre essa questão da medicina e o CsF logo do início de tudo e você pode conferir aqui.

No geral eu posso dizer que esse intercâmbio teve muitos pontos positivos e, como tudo nessa vida, alguns pontos que poderiam ter sido melhores. Eu digo 'ter sido melhor' porque na minha vida eu tento sempre ver que nada acontece por acaso e tudo tem uma razão de ser, o que sempre me faz aprender e crescer como pessoa. Ou seja, mesmo as coisas que não me agradam tanto me fazem pensar que eu posso aprender algo com elas (principalmente aprender a lidar com elas) e no fim de tudo, vale a pena a experiência. Pode parecer besteira para alguns, mas para mim faz a vida ser mais leve e é uma questão de personalidade e de espiritualidade e faz todo o sentido para mim.

Eu virei a página da língua inglesa na minha vida. Eu também já falei sobre isso em alguns outros posts, mas não me canso de pensar o quanto isso valeu a pena para mim. Valeu a pena por causa do PSE. Valeu a pena porque eu tive aulas, estudei, escrevi trabalhos, apresentei trabalhos, fiz provas e tive relacionamentos profissionais (além dos pessoais) em inglês na área científica. Eu me sinto muito feliz por pegar qualquer texto e qualquer livro e simplesmente ler na mesma velocidade que eu leio em português (claro que eu busco por palavras que não conheço, pois assim continuo aprendendo e isso é normal em qualquer segunda língua). Isso tudo sem contar todas as coisas que eu tive que superar, lidar e fazer sozinha em inglês. Valeu a pena porque eu sempre fui bastante independente, resolvida e decidida e não houve barreira linguística alguma que me fizesse deixar de ser como eu sou, então eu me considero bastante realizada neste sentido. Desde o primeiro atendente de aeroporto que falava em inglês com sotaque alemão que foi minha primeira dificuldade de comunicação até eu poder fazer qualquer coisa em qualquer lugar sem sentir dificuldade alguma com a língua, muita coisa mudou e foi muito positivo para mim!

Eu aprendi muita coisa nesses exatos um ano e dois meses que estive morando fora de casa. Agreguei bastante à minha bagagem acadêmica, tanto pelas matérias cursadas durante o ano letivo, com coisas que eu já havia estudado e com coisas novas, quanto pela experiência do summer project. Eu não vou me repetir e você pode conferir sobre essas duas experiências, explicadinhas com bastante detalhes, nos links com posts recentes em que já falei sobre elas. :)

É obvio que teria sido muito mais proveitoso se eu tivesse cursado matérias exclusivas do ciclo clínico da faculdade de medicina na Uni of Dundee (momento pelo qual estou passando aqui no meu quarto ano na UERJ) e esse é um ponto que poderia ter feito da experiência algo mais interessante academicamente. Mas eu também já conversei aqui sobre a burocracia que envolve estar em uma faculdade de medicina no exterior (da mesma forma acontece com estudantes que vem estudar no Brasil). Confesso que invejei um pouquinho o pessoal que estudou medicina em Budapeste pelo CsF, mas isso não fez da minha experiência nem um pouco menor ou pior, pelo menos para mim. Considero que eu fiz o que pude fazer e tentei tirar o melhor disso tudo!

Detalhe: não sei ao certo a quantas anda isso, mas aqueles países que aceitavam estudantes de medicina estudando nas faculdades de medicina deles não farão mais isso a partir do próximo edital. Parece que o último que aceitou isso foi o da galera que partiu agora em agosto de 2014. Isso foi o que meus colegas me disseram e eu não tenho certeza, mas para quem só se interessaria nessas condições, vale a pena dar uma checada. :)

Claro que como parte de um intercâmbio, foi muito bom ter tido a oportunidade de conhecer lugares diferentes, alguns que eu sempre quis estar, outros que eu nem imaginava que conheceria tão cedo. Isso porque conhecer um lugar novo significa também conhecer um pouco da história do povo, da cultura e da forma de ver o mundo das pessoas que estão lá e eu acho que perceber isso e tirar um pouquinho de cada canto para minha vida me fez crescer bastante. Eu tive a oportunidade de viajar duas vezes nas férias de um mês durante o inverno (6 dias na Irlanda e outros 12 dias na Inglaterra), uma vez na Easter break (um recesso de Páscoa bem maior do que estamos acostumados, o meu foi de um 40 dias, do qual eu usei 21 para conhecer Amsterdam, Berlim, Roma e Barcelona) e uma vez no verão (foram duas semanas de recesso do meu summer project, que durou 3 meses, usadas para conhecer alguns lugares na Polônia, outros na Croácia, Praga e Budapeste), fora todos os lugares que fui conhecendo na Escócia ao longo do ano, porque tudo era relativamente perto (para quem tem como referência o Brasil, qualquer coisa é muito perto!) e um fim de semana sempre foi bastante tempo. Administrando bem o dinheiro que recebemos e usando um pouco dos recessos que temos dá para conhecer bastante coisa e aprender muito com isso tudo! :)

Eu conheci muita gente diferente, de vários lugares diferentes e foi muito bom morar em Dundee nesse sentido. Isso porque a Uni of Dundee recebe muitos estudantes internacionais, então conheci gente de tudo quanto é canto! O tempo que estive no laboratório então foi muito sensacional nesse sentido! Além da faculdade, tive a oportunidade de conhecer pessoas em atividades diversas, desde a academia até as viagens que fiz, e esses contatos agregaram muita coisa boa em minha vida. Todas essas pessoas e também meus momentos de independência/solidão (não no sentido negativo da palavra, mas no sentido de "agora é só com você") me ensinaram muito, muito mesmo, sobre a vida, principalmente as minhas flatmates. Porque nada como dividir o mesmo espaço para aprender a dividir o mesmo espaço e [tentar] ser mais agradável e fazer desse espaço mais harmonioso. Meninas, vocês foram essenciais para mim!

Eu também aprendi com todas essas pessoas (desde a pessoa de um hostel aleatório que me contou a história de vida dela até pessoas que eu via todos os dias) a ver muitas coisas por ângulos diferentes, eu mudei hábitos, eu aprendi a experimentar mais e a viver mais com todas elas. Eu também aprendi muito a dividir, a ser mais calma e paciente, a ser mais solidária e aceitar a solidariedade gratuita e fofa dos outros (acredite, a vida parece mais simples agora), a ouvir mais (apesar de já ouvir bastate... acho que vou virar um orelhão daqui a pouco). Eu também consegui, não sei como mas consegui, a relaxar e ser menos paranóica, apesar de continuar organizada. Isso sempre foi uma coisa que me deixava doente da vida, porque eu sempre tive dificuldade de mudar o modo como eu faço as coisas no meio do caminho e, se eu começava de um jeito parecia que eu tinha que terminar daquele jeito. Isso sempre foi muito ruim, porque eu me via em situações que parecia que não daria para voltar atrás e hoje em dia eu vejo que as coisas não precisam ser assim.

Além disso tudo, esse tempo fora me fez ver que algumas coisas são mais importantes que outras nessa vida. Eu aprendi, por exemplo, a não dar mais tanto valor às coisas materiais porque, na boa, não interessa a ninguém mais além de mim mesma se eu vou usar a mesma roupa ou sapato duzentas vezes se eu to feliz assim, não me interessa mais a opinião alheia nesse sentido. Além disso, reforcei muito para mim mesma a idéia de não julgar vida alheia, porque eu não quero que julguem a minha.

Por fim, esse tempo fora me fez dar muito mais valor às pessoas que eu amo e que me amam, que gostam de mim do jeito que eu sou sem tirar nem por, em particular a minha família e o meu namorado, mas também os meus amigos. Ficar longe de todos eles, por pouco tempo ou por muito tempo, dependendo de quem eu esteja falando, me fez valorizar mais ainda o amor deles que eles tem por mim e que eu tenho por eles. Vocês são meu tudo e o que importa de verdade!

Então valeu muito a pena, pessoal!





sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Summer Project



Olá pessoas!

Hoje faltam exatamente 13 dias para eu pegar meu voo para o Brasil!!! =O

Além disso, faltam exatos 22 dias para meu aniversário! Me lembro dessa mesma época do ano ano passado, quando eu estava ansiosa para acabar o PSE, fazer aniversário na Escócia, começar as aulas do ano letivo e ver o Davi! Um monte de coisas prestes a acontecer tão pertinho uma da outra!

Dessa vez estou um pouco ansiosa também para voltar para o Brasil, voltar às aulas da faculdade, rever minha família e amigos e também fazer aniversário, o que eu adoro! Tudo bem que eu já to ficando meio velha, mas enfim. :p

Hoje também foi um dia importante nessa etapa de encerramentos e recomeços, pois foi o meu último dia de summer project! Pois é, desde que eu recebi o e-mail falando para eu me encontrar com a coordenadora da Neuroscience para conversar sobre o meu summer project que eu fico pensando em fazer um post bacana sobre isso, mas eu sempre pensava "qual a lógica de fazer isso agora?". Parei para ver que talvez fosse ser mais interessante falar sobre todo o processo de uma vez.

Cada universidade organiza essa questão do summer project para os alunos do CSF de uma forma particular e, além disso, os departamentos dentro das unis também podem variar na forma como eles distribuem e cobram os alunos em relação a isso. Por fim, os próprios coordenadores dos departamentos que recebem os alunos tem condutas diferentes. Hahaha. Ou seja,  a questão do estágio no verão varia muuuito. Isso é uma pena, pois acredito que este momento poderia ser muito mais proveitoso para vários alunos que eu vi passarem por projetos que não forem lá grande coisa, ao passo que outros tiveram estágios maravilhosos. Por conta dessas variações todas, vou contar um pouco da minha experiência.

Aqui na Uni of Dundee o departamento de Life Sciences é muito renomado e influente, sendo o de Neuroscience bastante importante nesse meio, bem como os pesquisadores e professores que nele trabalham. Acredito que isso influencie um pouco o fato de eles serem um dos mais organizados que vi aqui na Uni em relação à oferta de summer project para os alunos do CSF.

No dia 28 de janeiro (!) eu recebi um e-mail do departamento de Neuroscience me pedindo para escolher em ordem de preferência os projetos que me interessavam, dentre quatro disponíveis. Como nós éramos quatro alunos neste curso, cada um foi alocado em um dos projetos, sendo o critério de escolha a preferência dos alunos e as notas dos mesmos. Felizmente, eu fiquei no projeto que eu escolhi como primeira opção! :)

Depois disso, nós fomos chamados para uma reunião com a coordenadora da Neuroscience, que explicou como os projetos funcionariam e nos passou quem seriam nossos orientadores. Alguns dias depois eu fui apresentada à minha orientadora e nós combinamos a data que eu começaria o meu projeto, que foi no dia 13 de maio. Nesse meio tempo eu apenas continuei com minhas atividades normais da faculdade, viajei, voltei e comecei o projeto.

A minha orientadora e os alunos de PhD que estão lá no lab estão pesquisando sobre doença de Alzheimer e a influência hormonal e de algumas drogas na progressão desta doença. A maioria dos estudantes estão avaliando a influência da leptina e/ou seus fragmentos e do estrogênio na transmissão sináptica de células hipocampais de camundongos. Eles fazem isso por meio de eletrofisiologia e imunofluorescência.

No meu caso, eu estava testando a influência de algumas drogas antagonistas e agonistas dos receptores de estrogênio nessas células fazendo imagens de imunofluorescência. Basicamente, eu passei o verão fazendo imagens de células piramidais hipocampais para ver o quão "brilhantes" elas estavam normalmente, sob a influência dessas diferentes drogas, sob a influência de amilóide beta e de uma combinacão das drogas separadamente com amilóide beta. Essa amilóide beta está intimamente ligada ao desenvolvimento da doença de Alzheimer, pois ela forma placas amilóides, que são encontradas em pacientes com esta doença. Ah, e o "brilho" das imagens me mostrava o quanto essas variáveis influenciam a atividade de receptores específicos sendo internalizados, ou seja, a influência delas na transmissão sináptica. :)

Falando assim parece bem simples e bacana, mas na verdade eu tive muito trabalho e consegui poucos resultados, os quais não trouxeram nenhuma informação nova relevante para o tema. É triste, mas isso é ciência! Haha! No início eu estava meio perdida, mas depois eu descobri que apenas uma aluna de PhD até agora havia feito experimentos com as mesmas drogas que eu estava testando. Ou seja, pouco inovador e desafiador. ¬¬

Bem, o tempo acabou sendo curto para a ambição do projeto, mas eu aprendi muuuuita coisa, tanto teórica, quanto prática. Além disso, eu também tive muita independência no lab desde a primeira semana, o que sempre significou muita responsabilidade também. Na primeira semana a PhD que me supervisionava me ensinou tudo que eu precisava saber para fazer meus experimentos, minhas imagens, meus gráficos e a análise estatística deles. Depois disso eu fui fazendo tudo sozinha, mas ela estava por lá na maior parte do tempo, caso eu precisasse de algo ou fizesse besteira. Aliás, ela me ensinou muita coisa e foi um anjinho que apareceu no meu caminho! <3

Esse período foi muito bom para mim, eu aprendi milhões de coisas que eu nunca tinha aprendido em mais de dois anos de iniciação científica no Brasil e, de fato, coloquei a mão na massa. É um pouco frustrante não ter tido resultados que pudessem gerar uma publicação, mas eu fico feliz por ter aprendido tudo que aprendi. Tenho certeza que a experiência vai valer para o dia que eu quiser começar um mestrado, doutorado ou algo assim. :)

Algumas das lâminas de imuno que eu fiz agora no finalzinho.
   


O microscópio confocal em que eu visualizava as lâminas e produzia as imagens de imuno.



Com as imagens criadas, eu produzia gráficos com informações sobre o "brilho" relativo que eu comentei e então fazia a análise estatística desses gráficos. 



A única crítica que eu deixo, e também sugestão para os que forem estudar na Uni of Dundee pelo CSF vem agora. No quarto ano os alunos daqui podem fazer um projeto que dura todo um semestre e ele ocorre como um módulo integral; os alunos tem orientação frequente e tempo de prática; com isso eles tem mais tempo para produzir e, consequentemente, apresentar posters e publicar. Porém, os alunos do CSF não são alocados no quarto ano daqui, mesmo tendo experiência de lab, muitas matérias cursadas no Brasil e tudo mais! Ou seja, é uma coisa que se fosse diferente, poderia acrescentar muito mais aos intercambistas. Minha sugestão para esses novos alunos (que estejam de fato interessados) é: pentelhem ao máximo seus coordenadores aqui para eles serem mais flexíveis, se informem sobre os módulos disponíveis (na secretaria do Life Sciences) para vocês na Freshers e antes de primeira semana de aulas, mostrem o desejo de algo mais prático! Aqui tudo veio meio que "pré-moldado" para os alunos do CSF, sendo que na verdade a gente poderia ter feito muito mais. Eu pelo menos fui bastante elogiada pela minha supervisora (o que me deixou muito feliz! \o/ ) e tenho certeza que eu teria aproveitado mais estando no quarto ano e fazendo algo assim ao invés de ter ficado assistindo às aulas que eu assisti. Além disso, ao longo do ano acadêmico, existem vários congressos e encontros científicos que possibilitariam apresentações de banners, por exemplo. A minha orientadora me convidou para ir apresentar meu projeto na University of Glasgow, mas eu já não estarei mais aqui... ¬¬   Ou seja, vamos batalhar para fazer o intercâmbio valer mais a pena, galera!

Acho que é basicamente isso que eu tenho para contar sobre o meu summer project.

Abraços e até logo! :)


terça-feira, 5 de agosto de 2014

Módulos de Neuroscience e um pouco sobre o Life Sciences

Olá pessoal!

Tem bastante coisa acontecendo no meu verão e já está super pertinho de eu voltar para casa! Na verdade ainda não sei se estou triste ou feliz com isso. Acho que estou em um meio termo saudável! Hehehe.

Fico triste por deixar uma parte da minha vida que tem sido tão legal e sei que ficarei muito saudosa por não ter tudo que tenho tido e tenho vivido aqui quando eu voltar para o Brasil. Apesar de amar o que eu estudo no Brasil, minha Universidade, família e amigos, sei que a realidade será dura na volta. Além disso, aprendi a tirar muitos preconceitos e hábitos da minha vida que sempre foram presentes, mas sei que lidarei com eles de novo quando voltar. Seja pelo ambiente, pelas pessoas e por mim mesma naquele meio. Isso me cansa um pouco só de pensar, mas tudo bem. Acho que a minha meta pessoal agora é tentar manter o que eu consegui mudar e aprender aqui, agregar essas pequenas coisas definitivamente ao meu caráter e forma de ser, independente do que está ao meu redor. Vamos ver no que dá! :)

De qualquer forma, continuarei mantendo a promessa de postar as principais coisas que costumam me perguntar aqui no blog sobre o CSF, sobre a Uni of Dundee e sobre o curso de Neuroscience. Sendo assim, hoje vou falar um pouco sobre meu curso, o ano que me encaixei aqui e sobre os módulos que cursei. Depois dessas coisas, conto mais sobre as coisas bacanas e viagens que fiz! ;)

Como já falei bastante por aqui, faço Medicina no Brasil e vim estudar Neuroscience aqui na University of Dundee. Quando optei pelo curso, tentei buscar algo que se aprofundasse de alguma forma em uma área da medicina, por isso pensavam em Public Health, Pharmacology ou Neuroscience.

A maioria dos alunos que vem pelo CSF originalmente de um curso da saúde são alocados no terceiro ano na Uni of Dundee. Acredito que eles veem no nosso histórico que já vimos muitas das matérias básicas no Brasil, então não nos diferenciam muito entre os anos daqui. Ou seja, bem pouco provável ficar no quarto ano. Já o pessoal da engenharia costuma ficar no quarto ano, porque mesmo estando no terceiro ano no Brasil, a maioria já viu muitas matérias do quarto ano aqui.

No quarto ano dos cursos do Life Sciences o pessoal tem um módulo que dura um semestre todo de projeto prático mesmo, por isso acho que evitam nos colocar neste ano. É uma pena, porque seria muito mais legal estar "colocando a mão na massa" por um semestre todo ao invés de fazer isso apenas no Summer Project (que logo logo falo dele!). Teria sido muito mais proveitoso do que assistir às aulas convencionais, pelo menos é o que eu acho!

Estando no terceiro ano daqui e em um curso específico, o aluno tem que cursas duas matérias obrigatórias daquele curso por semestre e algumas optativas. No caso do curso de Neuroscience e o de Pharmacology, as obrigatórias do primeiro semestre são Neurophysiology e Molecular Pharmacology no primeiro semestre e Neuropharmacology, Systems Pharmacology 1, Systems Pharmacology 2 no segundo semestre. Eu escolhi de optativas matérias de fisiologia, que foram Endocrine control of body homeostasis no primeiro semestre e Respiratory & Renal Physiology e Gastrointestinal Physiology and Nutrition no segundo semestre.

Sobre os outros cursos do Life Sciences com alguma vertente da medicina, aqui estão os módulos obrigatórios e optativos e o respectivo semestre em a que disciplina está disponível:







Cada módulo dura 10 semanas e ocorrem de dois em dois mais ou menos (a não ser que você pegue uma terceira optativa). Ao final de cada módulo fazemos uma prova de múltipla escolha que costuma pesar cerca de 20% da nota final. Ao final do semestre fazemos todos os degree exams (que são as provas discursivas deles), que costumam pesar 60% da nota final. Ao longo dos módulos temos aulas práticas e workshops, que geram trabalhos a serem entregues, valendo os 20% de notas que resta. A presença costuma ser obrigatória nestas atividades, mas nas aulas teóricas varia de disciplina para disciplina. As práticas sempre geram practical reports para serem entregues e os workshops costumam variar entre worksheets com questões para entregar depois, a testes na hora da atividade ou exames on-line com um deadline para serem respondidos. Algumas matérias também incluíram essays para serem entregues com algumas opções de tema a serem discorridos. Eu achei esses trabalhos a melhor parte, pois adorei praticar minha escrita formal em formato de paper em inglês com essas atividades.

Os exames de múltipla escolha costumam ser mais tranquilos, apesar da decoreba bizarra, ao passo que os discursivos são mais complexos, com questões estilo essay. Isso quer dizer: provas com 2 a 6 questões gigantes para serem respondidas em muitas linhas, nas quais você deve ser sempre muito específico nos assuntos e, se possível, fazer esquemas, diagramas etc. Ou seja, meio complicado, mas nada impossível para quem costuma fazer questões discursivas em suas provas no Brasil.

Detalhe: Muita coisa é on-line!!! O Site da Uni é muito bom, o aluno on-line perfeito (com app para ipad!), as aulas e materiais extras costumam estar disponíveis antes mesmo das aulas para os alunos acompanharem durante as mesmas (enquanto no Brasil temos que implorar por isso muitas vezes...) e as provas costumam ser digitadas ao invés de escritas à mão (o que dá um nervoso porque fica um barulho surreal de digitação na hora e o cronômetro do computador fica mostrando o tempo e, caso você não termine, ele envia o exame do jeito que estava quando o tempo acaba. Hahaha) 

Acho que é basicamente isso que tenho a dizer do curso! :)

No próximo post conto para vocês como foi meu Summer Project, pois ele acabará esta semana!

Beijo e até breve!

terça-feira, 22 de julho de 2014

Acomodações da Universidade

Olá pessoal!

Eu fiquei tanto tempo sem postar aqui e já fiz tanta coisa nesse período que nem sei o que falar primeiro! Hahaha

Mas tudo bem, para tudo nessa vida dá-se um jeito, certo?

Então vou postar hoje sobre uma coisa que muita gente vem me perguntar: as acomodações da University of Dundee. Na verdade esse post será um tanto quanto breve, porque essas informações estão muito bem compartilhadas no site da própria uni, como eu sempre respondo a todos que me perguntam sobre isso. De qualquer forma, vou comentar sobre algumas coisinhas. :)

As opções de acomodação são: Belmont, Heathfield, Seabraes e West Park. A galera costuma preferir o Belmont e o Heathfield porque eles ficam no meio do campus, tipo 2 a 5 minutos andando da biblioteca, da Union e das salas de aula. Por outro lado, esses locais tem mais alunos no início da faculdade e costumam ser mais barulhentos.

Outra opção muito boa é o Seabraes (onde eu moro! :D ), que fica bem pertinho dessas coisas todas, como 5 a 10 minutos andando. Como é um pouquinho mais afastado, a Uni dá preferência para alunos da pós-graduação que escolhem o Seabraes, então costuma ser mais silencioso. Eu gosto daqui também por causa da vista para o Tay River e porque é exatamente ao lado tem o Magdalen Green (um parque) que eu costumo ir desde que cheguei aqui. Todos eles tem acesso muito fácil ao centro, comércio, pubs e obviamente à própria uni. Já o West Park é longe e eu nem sei se podemos ficar lá. Veja aqui a localização das acomodações.

Os quartos são todos suítes, com uma cama, uma mesa grande com prateleiras e gavetas e um mural. Temos um armário de duas portas com uma gaveta e uma parte para sapatos também. Claro que os quartos também tem aquecedor, né! Todo o ambiente é de carpetes, então mande um beijo para sua alergia.

Detalhe: Não tem travesseiro nem roupa de cama alguma. Comprei tudo no dia que cheguei e foi bem barato. Também rola de aceitar doações da galera.

Cada flat tem 6 estudantes, com um hall comum, um quartinho da tranqueira e uma sala com cozinha americana bem grande. A cozinha é bem equipada, com duas geladeiras, fogão, forno, microondas, aquecedor de água e muitos armários. Na sala temos 6 poltronas, mesinhas e muito espaço. Hehehe. Perto do que vi nas Universidades que visitei aqui no UK, eu acho minha acomodação muito boa mesmo! Não cheguei a ver nem ouvir falar de uma melhor, para dizer a verdade. Se quiser dar uma conferida, tem bastante foto no site da Uni, veja aqui onde eu moro (basta ir clicando nas outras opções e ir vendo as fotos).

Ahh, todo o campus da Universidade tem o Wi-fi que usamos com nosso login do sistema on line e isso também vale para nossa acomodação. :)

As pessoas sempre perguntam se é possível receber visitas no alojamento e sim, é possível. Teoricamente, é necessário avisar a recepção da acomodação que temos visitas, pois em caso de incêndio ou outros problemas, eles sabem quantas pessoas contar. Porém na prática ninguém avisa nada.

Outra coisa que sempre me perguntam é se dá para mudar de flat caso a pessoa não goste do que escolheu, faça inimigos, queira socializar mais ou whatever. Existem algumas situações para isso:
1. Se você veio em agosto, faz um contrato para o ano todo e, caso deseje mudar de flat, deve cancelar o primeiro contrato e fazer um novo, o que custa £25.
2. Se você veio para o PSE ou em janeiro, você faz um contrato parcial (de verão, de segundo semestre...) e tem que renová-lo para o ano que se iniciará ou para o próximo semestre. Assim, você pode deixar para mudar nessa época de renovação e não pagar nada.

Eu adorei meu flat (minhas flatmates são muito amor) e eu adoro morar no Seabraes, então passei o verão do PSE e o ano letivo todo no mesmo Flat! :)

Caso você queira se informar mais sobre as regras da acomodação, basta dar um boa conferida no site que tem praticamente tudo lá! 

Abraços!


quinta-feira, 3 de julho de 2014

Passagem e malas de volta para o Brasil: dor de cabeça!

Olá pessoal!

Eu sei que faz muito tempo que não posto aqui!
Muita coisa mudou na minha vida e eu acabei deixando o blog de lado disso tudo. Isso não vem ao caso agora, mas o que importa mesmo é o que eu quero compartilhar com aqueles que já leram muita coisa por aqui (e com aqueles que talvez comecem a ler agora) uma coisa que tem me descabelando nesses últimos dias: regras de bagagem para voos com origem no Reino Unido e destino Brasil.

Quando você compra um voo internacional do Brasil para Europa (e muitos outros destinos) a regra é clara sobre bagagem: 2 bagagens despachadas de 32kg para todo mundo, mais uma bagagem de mão (que varia entre 8kg, 10kg e 12 kg, dependendo da companhia).

Porém, quando você é um abençoado como eu, que não pode usar seu voo de retorno para Brasil porque a data de volta é depois de um ano da data de vinda, tudo muda por causa disso. O ministério da saúde (eu, no caso) adverte: sua cabeça pode até doer na hora de comprar um voo, como a minha está doendo agora!

Detalhe: os bilhetes de retorno tem validade de um ano, incluindo possíveis remarcações e isso já foi falado aqui, por isso estou comprando o voo de volta agora!

Então vamos ao que interessa! Procurando voos de volta para o Brasil, constatei duas coisas pouco bacanas e não facilitadoras da minha vidinha: cada companhia faz como bem entender com as regras de bagagem despachadas e de mão (seguindo algumas regras de voos internacionais básicas, claro) e também faz o que quiser com o preço das passagens, obviamente. Para tentar achar um bom preço, com duas malas despachadas, sendo com return ou não, eu pesquisei nas seguintes companhias aéreas: Condor, Emirates, Alitalia, Iberia, Air France, KLM, British Airways, TAP, Lufthansa, Delta e TAM. Eu também pesquisei os preços saindo de London, Edinburgh, Glasgow Manchester para tentar achar o melhor custo benefício.

Sobre os preços dos voos, algumas tem preços fixos por trecho. Por exemplo, você quer só ida, pague apenas o preço da ida, aquele mesmo que apareceria se fosse ida e volta para cada trecho só que apenas usando um dos trechos (o de ida!). Nessas companhias, se você quer ida e volta, pague os dois trechos e seja feliz.

Outras companhias, que fazem parte das corporações do mau que querem te extorquir a todo custo, fazem o seguinte: 'quer ida e volta, olhe nossa preço camarada! Poxa, quer só ida? Nosso preço então será duas vezes mais caro que sua possível ida e volta!'. Entenderam? Elas meio que te obrigam a pagar uma ida e volta mais cara (pois os trechos separados nessa ida e volta são baratos), ao invés de você comprar apenas o trecho que te interessa, já que ele custa mais que todos os seus órgãos sendo vendidos no mercado negro, quando comprado separadamente.

Então a dica amiga é: a Condor é a única abençoada que eu achei que vende o preço isolado amigável e muito parecido com o preço isolado de cada trecho com return! A Emirates também não aumenta muito o preço de one-way para cada trecho com return, porém ainda assim, one-way continua sendo mais caro do que cada trecho dos tickets comprados com return. Já a TAP faz one-way mais barato do que o total dos voos com return, porém algo em torno de 20% mais barato no total. Apesar dessa palhaçada toda, A Iberia, a Delta tem preços de ida e volta bem bacanas e, dependendo da data, British Airways, KLM, Alitalia e Emirates também.

Detalhe: exemplo numérico sobre o que eu estou falando da Emirates: voo de ida com taxas custaria £600, voo de ida e volta com taxas custaria £800 (ou seja, £400/trecho). Eu inclusive vi return em todos os meses até o último possível e a variação é mais ou menos a mesma.

Claro que se fosse fácil assim eu já teria comprado a passagem, né? Só que não é. Além de pesar o custo do voo, eu também preciso saber se a companhia me permite despachar uma ou duas malas sem taxas extras e também se essas malas são de 23kg ou 32kg, afinal fica meio difícil voltar com apenas uma mala para quem está fora por mais de um ano. Não adianta muito pagar super barato em uma passagem e acabar pagando mais pela bagagem, por isso estou arrancando os cabelos para tentar achar um meio termo no preço final!

Por conta disso acabei procurando as regras de bagagens para voos saindo da Europa com destino Brasil e vou postar isso aqui para dar uma ajuda para os que também estão tão perdidos quanto eu estava até então.

Detalhe muito importante: eu estou há uns três dias lendo essas coisas, então estou um pouco cansada. Não se baseie apenas nessas informações para comprar seu voo e SEMPRE confira a regra de bagagem para seu voo especificamente! Essas coisas podem mudar e a única forma de reclamar depois é com a informação oficial que está no site da companhia aérea! Além disso eu sou humana e posso me confundir, ao passo que as companhias são do mal e deixam tudo lá no site bem bonitinho para você não reclamar depois. Hahaha. Ou seja, se assegure do que você está fazendo sempre!

Para as companhias que eu pesquisei, fazendo o Europa -> Brasil, as regras básicas de peso e quantidade de bagagens para classe econômica são (cheque sempre as dimensões porque também tem pegadinha nisso):

Atenção: antes que um abençoada comente 'mas eu comprei pela companhia X e posso usar 2 bagagens despachadas de 32 kg cada + bagagem de mão e você está falando que não é assim...', a regra muda de acordo com a origem do primeiro voo!!! Ou seja voo 1 sendo Brasil -> Europa e return Europa -> Brasil pode não ser a mesma coisa que voo 1 Europa -> Brasil com return Brasil -> Europa para muitas companhias!!!

Emirates: 2 malas despachadas de 32 kg + bagagem de mão

Alitalia: 2 malas despachadas de 23 kg + bagagem de mão

Condor: 1 mala despachada de 23 kg + bagagem de mão
             Mala extra: 20 kg: €99,99 30 dias antes on-line; €109,99 no aeroporto
                               15 kg: €89,99 30 dias antes on- line; €99,99 no aeroporto

Iberia: 1 mala despachada de 23 kg + bagagem de mão
           Mala extra: €80,00 antes on-line; €100,00 no aeroporto

Air France: 1 mala despachada de 23 kg + bagagem de mão
                  Mala extra: U$ 100,00

KLM: 1 mala despachada de 23 kg + bagagem de mão
          Mala extra: €80,00 antes on-line; €100,00 no aeroporto

British Airways: 2 malas despachadas de 32 kg + bagagem de mão

TAP: 2 malas despachadas de 32 kg + bagagem de mão

Lufthansa: 1 mala despachada de 23 kg + bagagem de mão
                Mala extra: €75,00 23kg até 158 cm de comprimento; €175,00 23kg com 159 cm ou                   mais.

Delta airlines: 2 malas despachadas de 23 kg + bagagem de mão
                       Mala extra: €75,00

Além dessa questão da mala, para quem for sair do Reino Unido para o Brasil, é sempre bom tentar todos os aeroportos, sendo os principais os de London, Manchester, Glasgow e Edinburgh, seguindo está ordem tem termos de "melhores ofertas".

Espero ter ajudado de alguma forma com esse post! Para mim ficou bem mais fácil decidir alguma coisa depois de ter organizado todas essas informações. :)

Detalhe: para quem tiver a oportunidade, os voos são infinitamente mais baratos durante as meia estações (de setembro a novembro e de fevereiro a abril).

Tenho muita coisa boa para contar e logo logo volto para contar tudo sobre meu Summer project!

Beijos e até mais!