Eu sempre gostei de escrever, mas nada como colocar em prática de novo algo que gostamos de fazer, não é mesmo? Escrever aqui está me fazendo lembrar o quanto eu gosto disso! Engraçado que essa experiência com o CsF, desde o dia em que resolvi me inscrever, tem me feito lembrar de muitas coisas boas que eu deixei ou venho deixando para escanteio.
Essa questão de sair um pouco (para não dizer
Calma que eu não estou filosofando aqui só por causa do gosto por escrever! Hehe
Na realidade, esse post é pra falar um pouco sobre a decisão de fazer esse intercâmbio e o quanto isso pode acrescentar na minha vida/carreira e o quanto poderia "atrapalhar" ou me atrasar, como alguns costumam perguntar, em particular o pessoal que faz medicina também. Isso porque, além do fato de nos afastar da faculdade por um ano, existe também a questão que o pessoal da Medicina, pelo menos até o atual edital, não pode cursar medicina propriamente no UK. Além disso, existem várias coisas mais pessoais também. Então alguns pontos precisaram ser considerados, certo?
- Muitos falam sobre a dificuldade de lidar com a distância da família, dos amigos, do namorado e dos bichanos (#chateada). É gente, eu amo minha mãe e meu irmão e sei que eles me amam e continuarão me amando enquanto eu estiver lá! Saudade dói, aperta e passa. Meus amigos, amigos meeeesmo, estarão me aguardando saudadosos e felizes pela minha experiência. Falo isso pelos que tenho em Brasília e vejo muito pouco, mas que quando nos encontramos, parece que não ficamos um dia sequer sem nos ver! São poucos sim, mas sei que são de fato importantes. Os que não se encaixarem nisso, aí eu já não sei se são amigos mesmo. O namorado lindo estará no mesmo país que eu, a apenas duas horas de trem, por 26 libras! Eba!!! <3 Já os gatinhos... aí eu já não sei, gente. Por isso eu posso dizer que estou chateada! :(
- Em relação ao afastamento eu não pensei duas vezes na hora de decidir me inscrever. O que é um ano a mais ou um ano a menos para quem tem a vida inteira pela frente? Aliás, eu tenho mais do que certeza que esse um ano a mais para me formar vai me trazer uma experiência que eu não sei se vários anos aqui no Brasil me dariam. Nada como morar em outro País, sozinha e aprender a vida e da vida!
- O grande lance que eu acho bem chato é o fato de que quem vai para o UK não poder ir como aluno de medicina mesmo. Nós vamos matriculados em algum outro curso da área de saúde/ciências biológicas, entramos em ano mais ou menos compatível com o que já vimos aqui, puxamos algumas matérias e é isso. Vida que segue. Isso eu realmente acho que deveria mudar, pois faria muita diferença no currículo ter feito x ou y matérias na Uni tal do país tal. Sem falar que elimina completamente a remota possibilidade de "cortar" qualquer disciplina do currículo. Bom, isso é apenas uma questão burocrática e diplomática que envolve questões relacionadas ao nosso visto e às diferenças entre nossos currículos. E sinceramente, eu entendo. Se um aluno é transferido entre duas unis de med no Brasil ele já tem problemas com compatibilidade de currículo, imagina países diferentes. Além disso, no Brasil nós temos contato com o paciente e uma certa autonomia que não ocorre em muitos países tão cedo quanto aqui. Essa foi uma questão que pesou bastante na hora de decidir.
- Alguns outros países permitem que façamos matérias clínicas e cirúrgicas e outros permitem que entremos como estudantes de medicina, mas apenas com matérias do ciclo básico. Por exemplo, no primeiro caso, parece que a Hungria, a Holanda e a Itália permitem, mas você tem que dominar o idioma local (pena que larguei as aulas de Húngaro... sóquenão); já em relação ao segundo exemplo, parece que nos EUA pode ser assim, mas não sei ao certo como funciona, porque eu não tinha o menor interesse em estudar lá. Resumindo, escolher o país pode influenciar seu destino como estudante de medicina nesse ano fora, mas aí cada um tem que ver o que vale mais a pena. Eu pelo menos acho que se eu vou morar fora, que seja em um dos Países que eu sempre quis morar!
- Um detalhe: nesse edital a minha Uni, a U. of Dundee, abriu Medicine como opção, só que depois acabou realocando o pessoal que escolheu Med-Dundee para outro curso. Na época eu já tinha escolhido Neuroscience e feito meu PS baseado nessa escolha e não quis mudar. Mas veja bem, quem sabe eu não consiga pegar algumas matérias de med, já que a brecha foi dada? :) Além disso, se isso aconteceu agora, talvez no próximos editais algo mude. Na UERJ, eu, meu namorado e meus amigos que se inscreveram nesse edital fizemos pressão, carta e tudo mais para pedir para o CNPq ver isso com o UK. Se mais gente fizer isso, quem sabe num dá certo?
- Outra questão que seeeeempre rola nas conversas sobre o CsF é algo do tipo "ahhh, mas eu tenho medo de perder o ritmo, já aprendi tanta coisa, vou parar para estudar outras coisas agora?". Oh céus, oh vida cruel. Haha. Minha primeira consideração é: que ritmo? Eu não estou indo passear na Europa, estou indo estudar lá, o que acho mais desafiador inclusive, visto ser em outro idioma, outra cultura, outro estilo de ensino e de avaliação, enfim, outro tudo. Se bah vou estudar mais lá do que estudei nos últimos anos aqui. Ah, tudo bem, a pessoas querem dizer "perder o ritmo da clínica, do raciocínio médico". Ok, concordo em parte, mas quando decidi mesmo, eu escolhi estudar algo que fosse agregar, não diminuir nem romper o que conquistei de conhecimento até agora. Assim, acredito que voltarei maior e melhor do que sou, como estudante, como futura médica e como pessoa.
- Eu não sei como funcionam as outras faculdades de medicina, mas na minha, quando chegamos ao quarto ano (meu atual ano) nossa turma se divide em Clínica médica 3, que é uma matéria com vários rodízios pequenos dentro dentro dela, mas é uma disciplina só, com sua avaliação englobando o que foi visto nesses rodízios ao longo do semestre. A outra metade fica em Especialidades, que são, cada uma, uma disciplina e no semestre seguinte as turmas invertem. Assim, quando acaba uma especialidade vem outra, depois outra... não fazemos mais de uma matéria por vez, sendo o tempo integral para a especialidade do momento. Então eu consegui começar por Especialidades, porque, depois de conversar com muitos alunos e profs, eu vi que fazendo isso, se eu tivesse que ir antes do fim do semestre, eu não perderia o semestre, só uma ou duas especialidades! :) Existia a possibilidade de ter que ir no início de junho, mas Dundee é tão perfeita que o PSE só começa dia 23/06 e eu só vou perder uma especialidade, que é Pneumo. Assim, minhas opções são fazer essa disciplina logo que eu voltar, junto com CM3, já que a carga horária permite, ou fazer antes do meu internato começar, o que vai atrasá-lo em um mês. Mas isso eu decido depois! Detalhe: se não tivesse tido greve ano passado, nem teria atrasado nada... para o pessoal da UERJ que ainda vai pelo CsF, talvez nem precise se preocupar com isso!
Bem, foi tudo isso que eu pesei e minha escolha foi ir adiante e aproveitar tudo de bom que eu puder nos meus estudos enquanto estiver lá. Tenho feito alguns planos extra-curriculares para tentar suprir esse lado medicina de ser, mas quando eu chegar lá e ver se dá verto, conto para vocês! :)
Abraços!